Quem fala mais de uma língua tem a memória melhor, segundo a Ciência

Por Adelina Lima
Quem fala mais de uma língua tem a memória melhor, segundo a Ciência. Foto: Pixabay

Dominar mais de um idioma não só abre portas para a comunicação intercultural, mas também oferece benefícios cognitivos notáveis. É o que revela um estudo, cuja conclusão aponta que quem fala mais de uma língua tem a memória melhor.

A pesquisa conduzida pela Universidade Northwestern lançou luz sobre essa conexão entre a habilidade linguística e a retenção de dados no cérebro. A investigação, publicada na revista Science Advances e liderada pelos doutorandos Matias Fernandez-Duque e Viorica Marian, teve como objetivo explorar como a semelhança fonológica das palavras afeta a nossa capacidade de lembrar informações.

Por que quem fala mais de uma língua tem a memória melhor?

Quem fala mais de uma língua tem a memória melhor, segundo a Ciência
Quem fala mais de uma língua tem a memória melhor, segundo a Ciência. Foto: Pixabay

No experimento, os participantes foram apresentados a grades contendo quatro imagens de objetos e instruídos a selecionar um item em inglês. No entanto, algumas grades continham um objeto extra com um nome foneticamente similar em inglês ou espanhol. Os movimentos oculares dos participantes foram registrados enquanto eles realizavam a tarefa.

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Os resultados revelaram que quando os participantes se deparavam com objetos que tinham nomes foneticamente semelhantes, tinham uma maior probabilidade de recordá-los.

Por exemplo, mesmo quando solicitados a encontrar um beaker (instrumento utilizado em laboratórios ou tipo particular de mamadeira, em inglês), eles se atentavam a imagens de besouros (beetle, em inglês, com um som semelhante a beaker) ou de uma pessoa falando (speaker, em inglês, que rima com beaker), demonstrando que a semelhança fonológica influenciava neste aspecto.

Esse efeito era ainda mais acentuado entre os participantes bilíngues, pois a similaridade fonética em sua língua nativa aumentava o foco nos objetos correspondentes.

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Resultados observados

Um ponto interessante do estudo é que a similaridade fonológica também melhorou a memória para objetos que não eram o alvo da tarefa. Isso significa que os indivíduos tinham uma maior probabilidade de lembrar palavras que soavam semelhantes à palavra-alvo, mesmo quando os itens não compartilhavam semelhança fonológica.

As implicações dessas descobertas são significativas para a compreensão da relação entre linguagem, memória e cognição. Futuras pesquisas poderiam explorar como agrupar itens com sons semelhantes poderia ser utilizado para ajudar pessoas com dificuldades de memória, como idosos, ou para aprimorar o processo de aprendizagem de idiomas em ambientes educacionais.